sexta-feira, 30 de abril de 2010

A FORÇA DO TRABALHO


De força e de nervos, se faz esta canção,
Do arado que lavra a terra o seu apogeu,
Do agricultor vai o meu verso de emoção,
Do metalúrgico, o meu fonema tão seu.

Das vinhas fica-me o leve sabor a mosto,
Dos trabalhadores a inenarrável condição,
Digna presença, que não esconde o rosto,
Ante o trabalho e a desenvolta produção.

Do homem que trabalha, criando bela arte,
Quer seja no vidro, no barro ou na oficina,
Deixo o meu mais lisonjeiro elogio à parte,
Por desenvolverem rude técnica tão digna.

E, daqueles, que, com cimento, alicerçam
As casas do amanhã, feitas de sangue e suor,
Fica-me o sincero agradecimento, cessam
As palavras, para lhes dizer do meu amor.

E assim cantando hossanas a quem trabalha,
Quero erguer o meu pendão, rumo ao futuro,
Pois só quem sabe dar valor a esta batalha,
Sabe do quanto ela é prestigiante, elo maduro.



Jorge Humberto  25/08/07
/www.luso-poemas.net


TRABALHADOR


Está na luta, no corre-corre, no dia a dia
Marmita é fria mas se precisa ir trabalhar
Essa rotina em toda firma começa às sete da manhã
Patrão reclama e manda embora quem atrasar
Trabalhador
Trabalhador brasileiro
Dentista, frentista, polícia, bombeiro
Trabalhador brasileiro
Tem gari por aí que é formado engenheiro
Trabalhador brasileiro
Trabalhador
E sem dinheiro vai dar um jeito
Vai pro serviço
É compromisso, vai ter problema se ele faltar
Salário é pouco, não dá pra nada
Desempregado também não dá
E desse jeito a vida segue sem melhorar
Trabalhador
Trabalhador brasileiro
Garçom, garçonete, jurista, pedreiro
Trabalhador brasileiro
Trabalha igual burro e não ganha dinheiro
Trabalhador brasileiro
Trabalhador
Composição: Seu Jorge

BICHO HOMEM


Que bicho é o homem, de onde ele veio para onde vai?
Onde é que entra, de onde é que sai?
Que raio lhe acende a chama da fúria
O que é que sobra da cesta básica de sua penúria
Que bicho é o homem, do que se enfeita que mão o ampara
No chão de enigmas em que se deita
Que bicho é o homem
Que mama no seio da reminiscência
E que embala a morte em seu devaneio
Que bicho é esse que carrega o fardo de uma dor medonha
Que sucumbe o fardo mas ainda sonha?
Que bicho vagueia na treva hedionda
Que pantera esguia será mais veloz do que a própria sombra?
O homem que tece as malhas da lei, que bicho é o homem
Que transforma em pêssego as fezes do rei?
Que bicho é o homem que ama e desama, que afaga e magoa
E que às vezes lembra um anjo em pessoa?
O homem que vai para a eternidade num saco de lixo
Que bicho é o homem de salário fixo?
Que bicho é o homem que trapaceia, que às vezes pensa
Que é mais brilhante do que a papa ceia?
Que bicho é esse que escreve as vogais das cinzas do pai?
De onde ele veio e para onde vai?
Que bicho é o homem que se interroga léguas de volúpia
Sonhos e utopias tudo se evapora
Que bicho é o homem de argila e colosso que lavra e semeia?
Mas só colhe insônias em lavoura alheia?
Os rastros do homem no vento ou na água são rastros de fera
Mas que bicho é esse que se dilacera?
O homem suplica, os deuses concedem, que bicho é o homem
Que sempre regressa às praias do Éden?
Que bicho é o homem que escreve poemas na aurora agônica
E depois acende a fogueira atômica?
Que bicho te oferta um ramo de rimas
E à sombra dos mortos semeia gemidos por sete Hiroximas?
Que bicho te espreita aos olhos dos becos
Onde os cães insones mastigam as sombras dos antigos donos?
Que bicho é o homem que rasteja e voa, que se ergue e cai?
De onde ele veio e para onde vai?
Que bicho é o homem, de onde ele veio e para onde vai?
Onde é que entra de onde é que sai?

Compositor(es): Fagner e Francisco Carvalho

A CIDADE REAL

 

A cidade ideal dum cachorro
Tem um poste por metro quadrado
Não tem carro, não corro, não morro
E também nunca fico apertado
A cidade ideal da galinha
Tem as ruas cheias de minhoca
A barriga fica tão quentinha
Que transforma o milho em pipoca
Atenção porque nesta cidade
Corre-se a toda velocidade
E atenção que o negócio está preto
Restaurante assando galeto
Mas não, mas não
O sonho é meu e eu sonho que
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores

E o prefeito e os varredores
Fossem somente crianças
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
E os pintores e os vendedores
Fossem somente crianças
A cidade ideal de uma gata
É um prato de tripa fresquinha
Tem sardinha num bonde de lata
Tem alcatra no final da linha
Jumento é velho, velho e sabido
E por isso já está prevenido
A cidade é uma estranha senhora
Que hoje sorri e amanhã te devora
Atenção que o jumento é sabido
É melhor ficar bem prevenido
E olha, gata, que a tua pelica
Vai virar uma bela cuá­ca
Mas não, mas não
O sonho é meu e eu sonho que
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
Fossem somente crianças
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
E os pintores e os vendedores
As senhoras e os senhores
E os guardas e os inspetores
Fossem somente crianças


Artista: Chico Buarque De Holanda

Album: Other
Música: A Cidade Ideal

sexta-feira, 16 de abril de 2010

NÃO FORAM APENAS 19 SEM TERRAS, FORAM PESSOAS ASSIM COMO EU


Poemas escritos pelos estudantes da 8a. série da

Escola Municipal Oziel Alves Pereira,

 no Assentamento 17 de abril, em 15/04/2005

RECADO



Aqui deixo o meu recado
Para todo o companheiro
Que esteve firme na luta
Junto a nós o tempo inteiro
Que quando pegar o lote
Não se iluda com o dinheiro
Pense no MST, que te ajudou a conseguir
Que tu lutes por ela
Ele estava junto a ti quando recebeu a terra
O lema é produzir.
Olha, meus companheiros ficaram todos assustados.
Afinal, foram 19 irmãos que morreram massacrados.
Cada um com uma opinião
Veja só que confusão
Nossos companheiros morreram
Lutando por um pedaço de chão
Todos em uma passeata ligeira
Veja se é brincadeira
Andando por pista quente
Pegando sol e poeira
Tudo isso para conseguir
A sede da Fazenda Macaxeira.

Escrito por Jácia e Elaine


O ACONTECIMENTO

No dia 17 de abril
Coisa horrível aconteceu
Quando 19 companheiros
Do MST morreram.
Lutando por um pedaço de chão para o alimento plantar
E seus filhos alimentar
Mas uma coisa horrível aconteceu
Eles não sobreviveram.
O Massacre de Eldorado aconteceu.
E na curva do S eles morreram.
Um Sem Terra lhe pediu
Um pedaço de chão
Mas o que lhe deram
Foi um balaço no coração.


Escrito por Sonia Pereira da Silva

É PRECISO DIZER ALGUMA COISA?

DIA 17 DE ABRIL DE 1996 - ELDORADO DOS CARAJÁ - PARÁ



Malditos policiais que nosso sangue derramaram
Lutando contra nosso povo
Que rumo a vitória marchou
Coragem em nosso povo não falta
Para lutar conta os latifundiários
Que querem nos derrotar
Jamais esqueceremos
Aquele dia tão triste
Onde perdemos companheiros
Fazendo com que a maldade exista
Mas vocês não morreram
Vocês estão aqui
Seu povo não esqueceu a luta
Que vocês deixaram para prosseguirmos
Guerreiros como vocês
Também tombaram ao chão
E muitos outros tombarão
Enquanto houver luta nesta terra
Por libertação!

Escrito por Sirone Almeida de Lima

segunda-feira, 12 de abril de 2010

TEMPO PERDIDO

Todos os dias quando acordo
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...
Todos os dias antes de dormir
Lembro e esqueço como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder...
Nosso suor sagrado é bem mais belo que esse sangue amargo
Veja o sol dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega é da cor dos teus olho, Castanhos...

Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes acesas agora
O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido

Legião Urbana
Composição: Renato Russo

TALVEZ...


Talvez tenha sido um beijo e nada mais,
Mas eu fiquei assim
Talvez...
O teu perfume não me deixa em paz,
Você ficou em mim,
Porque eu só penso em você,
Preciso te encontrar,
Mais uma vez te ver,
Eu quero tanto te falar,
atende que sou eu,
Me apaixonei
Ah! Diz pra mim,
Tudo aquilo que eu preciso ouvir da sua voz
Que você também andou pensando em nós
Talvez... Tenha sido um sonho e nada mais,
Mas eu fiquei assim.
Talvez...O seu sorriso não me deixe em paz,
Você ficou em mim,
Porque eu só penso em vc,
Preciso te encontrar,
Mais uma vez te ver,
Eu quero tanto te falar,
Atende que sou eu,
Me apaixonei
Talvez...

Musica LS JACK

SAIR POR AÍ A CAMINHOS


Sair por aí a caminhos
Sem rumo e sem destino
A procura de carinhos.
E assim fui me dirigindo
Até encontrar com alguém
Que por aí me desse
A esperança de não ser ninguém...
Que na estrada da vida pudesse
Oferecer-me o que tanto procurava.
Cansado já pelo caminho,
De repente, alegra-me o que buscava,
Numa linda e alegre pracinha,
Naquele momento já me contentava
De lá ver, meus lindos netinhos
Que pulavam e brincavam
Junto com outras criancinhas.
Correram todos e me abraçavam.
Assim cheguei ao meu destino
Nos braços de meus netinhos
Alegre e feliz

Autor/a desconhecido/a

sexta-feira, 9 de abril de 2010

QUEM SABE MEU SAPO NÃO APARECE ESSE FINAL DE SEMANA????

O TEMPO




"Deus pede estrita conta do meu tempo
E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta.
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado, e não fiz conta;
Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Hoje, quero acertar conta, e não há tempo.
Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta!
Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, de prestar conta
Chorarão, como eu, o não ter tempo..."
 

(Frei Antônio das Chagas, Séc. XVII)