quinta-feira, 24 de abril de 2008

ABORDAGEM NEOCLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO

TEORIA NEOCLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO

1. Fundamentos
· A Abordagem Neoclássica fundamenta-se da Teoria Clássica devidamente atualizada e redimensionada aos problemas administrativos atuais e ao tamanho das organizações de hoje.
· Ela baseia-se nos seguintes fundamentos:
1) A administração é um processo operacional composto por funções, como planejamento, organização, direção e controle;
2) Como a administração envolve uma variedade de situações organizacionais, ela precisa fundamentar-se em princípios básicos que tenham valor preditivo;
3) A administração é uma arte que, como a Matemática e a Engenharia, deve se apoiar em princípios universais;
4) Os princípios da Administração, a exemplo dos princípios das ciências lógicas e físicas, são verdadeiros;

5) A cultura e o universo físico e biológico afetam o meio ambiente do administrador. Como ciência ou arte, a teoria da Administração não precisa abarcar todo o conhecimento para poder servir de fundamentação científica aos princípios de Administração.

2. Características
Ênfase na prática da administração – Os princípios de Administração que os clássicos utilizavam como “leis” científicas são retomados pelos neoclássicos como critérios elásticos para a busca de soluções administrativas práticas. Os problemas de selecionar gerentes e pessoas, estabelecer planos e diretrizes, avaliar resultados de desempenho e coordenar e controlar operações para alcançar objetivos desejados são comuns a todas as organizações, apesar das suas diferentes atividades.


Reafirmação dos postulados clássicos – A Teoria Neoclássica é quase como uma reação à enorme influência das ciências do comportamento no campo da Administração em detrimento dos aspectos econômicos e concretos que envolvem o comportamento das organizações. Os neoclássicos retomam grande parte do material desenvolvido pela Teoria Clássica, redimensionando-o e reestruturando-o de acordo com as contingências da época atual.

Ênfase nos princípios gerais de administração – Os neoclássicos estabelecem normas de comportamento administrativo. Os princípios de Administração (causa-efeito) que os clássicos utilizavam como “leis” científicas são retomados pelos neoclássicos como critérios elásticos para a busca de soluções administrativas práticas. Koontz, O’Donnell e Haiman consideram essenciais os administradores para planejar, organizar, dirigir e controlar as operações de negócio em qualquer tipo de organização, através dos princípios gerais de administração: “proposição geral aplicável a determinado fenômeno para proporcionar guias para a ação” de forma flexível e adaptável.


Ênfase nos objetivos e resultados – Toda organização existe, não para si mesma, mas para alcançar objetivos, produzindo resultados. É em função dos objetivos e resultados que a organização deve ser dimensionada, estruturada e orientada. A APO (Administração por Objetivos) é um produto desse pensamento neoclássico.


Ecletismo nos conceitos – Embora se baseiem na Teoria Clássica os autores neoclássicos são ecléticos, absorvendo o conteúdo de outras teorias administrativas mais recentes, configurando a Teoria Neoclássica como sua atualização eclética.

3. A administração como técnica social
Conceito de Administração: “orientar, dirigir e controlar os esforços de um grupo de indivíduos para um objetivo comum”. O bom administrador possibilita ao grupo alcançar seus objetivos com o mínimo dispêndio de recursos e de esforço e com menos atritos com outras atividades úteis, coordenando atividades grupais.

4. Os aspectos administrativos comuns às organizações
Todas as instituições são organizações e têm uma dimensão administrativa comum. Segundo Drucker, há três aspectos principais das organizações:

ü Quanto aos objetivos – as organizações não vivem para si próprias, mas são meios para a realização de uma tarefa social, isto é, elas visam atingir objetivos externos (sociedade). Os objetivos não são definidos por processos científicos, mas por julgamentos de valor, com base em uma escala de prioridades ao atendimento de necessidades da comunidade por parte da organização.

ü Quanto à administração – Todas as organizações são diferentes em seus objetivos, mas são essencialmente semelhantes na área administrativa, necessitando equilibrar os objetivos da instituição com a necessidade de flexibilidade e de liberdade individual e exigindo uma estrutura definida.

ü Quanto ao desempenho individual – É o ponto onde há menor diferença entre as organizações. O desempenho individual é a eficácia das pessoas que nelas trabalham.

5. Os princípios básicos de organização


Divisão do trabalho – maneira pela qual um processo complexo pode ser decomposto em uma série de pequenas tarefas que o constituem;


Especialização – Cada órgão ou cargo passa a ter funções e tarefas específicas e especializadas;


Hierarquia (princípio escalar) – diversificação funcional dentro da organização. A pluralidade de funções impostas pela especialização exige o desdobramento da função de comando. Há três conceitos relativos a este princípio: autoridade, responsabilidade e delegação;
Amplitude Administrativa (amplitude de comando) – significa o número de subordinados que um administrador pode supervisionar.

6. A centralização versus descentralização
Centralização significa que a autoridade para tomar decisões está alocada próximo ao topo da organização. Com a descentralização, a autoridade de tomada de decisões é deslocada para os níveis mais baixos da organização.

Planejar:

ü Definir objetivos;
ü Verificar onde as coisas estão hoje;
ü Desenvolver premissas sobre condições futuras;
ü Identificar meios para alcançar os objetivos;
ü Implementar os planos de ação necessários.

· Organizar:

ü Dividir o trabalho;
ü Agrupar as atividades em uma estrutura lógica;
ü Designar as pessoas para a sua execução;
ü Alocar os recursos;
ü Coordenar os esforços.


· Dirigir:

ü Dirigir os esforços para um propósito comum;
ü Comunicar;
ü Liderar;
ü Motivar.


· Controlar:

ü Definir os padrões de desempenho;
ü Monitorar o desempenho;
ü Comparar o desempenho com os padrões;
ü Tomar a ação corretiva para assegurar os objetivos desejados.

8. Apreciação crítica da Teoria Neoclássica


A literatura neoclássica se assenta no processo administrativo para explicar como as funções administrativas devem ser desenvolvidas nas organizações. A velha concepção de Fayol (POC3) continua valendo até hoje, apesar das mudanças de conteúdo e significado. Atualmente usa-se o termo: processo administrativo (planejar, organizar, dirigir e controlar). Esses processos são universalmente aceitos, porém, sem tantos princípios prescritivos e normativos que se tornam rígidos e invariáveis, pouco adaptáveis para a administração moderna.

Referências: CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7. ed. Rio de Janeiro

ABORDAGEM HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO

TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS (ESCOLA HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO)



1. Surgimento
Surgiu nos Estados Unidos, como conseqüência das conclusões da experiência de Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e colaboradores (décadas de 20 e 30 do século XX).
Foi um movimento de reação e oposição à Teoria clássica da Administração.

2. Criticas à Abordagem Clássica
A Teoria Clássica pretendia desenvolver uma nova filosofia empresarial, uma civilização industrial, na qual a tecnologia e o método de trabalho constituem as preocupações básicas do administrador.
Embora não tenha sido questionada durante as quatro primeiras décadas após a sua criação, essa teoria era vista pelos trabalhadores industriais como um meio sofisticado de exploração de empregados a favor dos interesses patronais.
A Teoria das Relações Humanas surgiu da necessidade de corrigir a tendência à desumanização do trabalho com a aplicação de métodos científicos e precisos.

3. As origens da teoria das relações humanas
Necessidade de humanizar e democratizar a Administração - libertando-se dos conceitos rígidos e mecanicistas de Teoria Clássica e adequando-se aos novos padrões de vida do povo americano.
Desenvolvimento das ciências humanas, principalmente a psicologia, bem como sua crescente influência intelectual e suas primeiras aplicações à organização industrial.
As idéias da filosofia pragmática de John Dewey e da Psicologia Dinâmica de Kurt Levin foram fundamentais para o humanismo na Administração.
As conclusões da experiência de Hawthorne, realizada entre 1927 e 1932, sob a coordenação de Elton Mayo, que puseram em cheque os princípios postulados da Teoria Clássica da Administração.

4. Principais nomes
Elton Mayo, fundador da Escola;
Dewey e Lewin, participantes;
Paleto, sociólogo.

5. Conceito de homem social
Para a Teoria das Relações Humanas, a motivação econômica é secundária na determinação do rendimento do trabalhador. Para ela, as pessoas são motivadas pela necessidade de “reconhecimento”, de “aprovação social” e “participação” nas atividades dos grupos sociais nos quais convivem. Daí o conceito de homem social.

6. A experiência de Hawthorne
Em 1924, a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos fez uma pesquisa para verificar a correlação entre produtividade e iluminação do local de trabalho, dentro dos pressupostos da Administração Científica, iniciando-se o processo de investigação cujas conclusões são as seguintes:

1) O nível de produção é resultante da integração social – não se dá pela capacidade física ou fisiológica do empregado, cujo resultado advém de normas sociais e expectativas grupais. Quanto maior a integração social do grupo de trabalho, tanto maior a disposição de produzir.


2) Comportamento social dos empregados dos empregados - se apóia totalmente no grupo. Os trabalhadores não agem ou reagem isoladamente como indivíduos, mas como membros de grupos, cujo desvio das normas grupais causa punições sociais ou morais dos colegas.


3) Recompensas e sanções sociais – os operários que produziram acima ou abaixo da norma socialmente determinada perderam o respeito e a consideração dos colegas. As pessoas são avaliadas pelo grupo em relação a normas e padrões de comportamento que o grupo define como aceitáveis.


4) Grupos informais – a empresa passou a ser visualizada como uma organização social composta de grupos sociais informais, cuja estrutura nem sempre coincide com a organização formal da empresa. Os grupos informais constituem a organização humana da empresa, muitas vezes em contraposição à organização formal estabelecida pela direção.


5) Relações humanas – no local de trabalho, as pessoas participam de grupos dentro da organização e mantêm-se em uma constante integração social. Elas querem ser aceitas, reconhecidas e participar, no intuito de atender a seus interesses e aspirações pessoais.


6) Importância do conteúdo do cargo – a especialização não é a maneira mais eficiente de divisão do trabalho. A especialização proposta pela Teoria Clássica não cria a organização mais eficiente porque os operários trocavam de posição para variar e evitar a monotonia, contrariando a política da empresa.


7) Ênfase nos aspectos emocionais – os elementos emocionais não planejados e irracionais do comportamento humano merecem atenção especial da Teoria das Relações Humanas. Daí a determinação dos sociólogos da organização aos autores humanistas.

7. A civilização industrializada e o homem

A Teoria das Relações Humanas mostra o esmagamento do homem pelo impetuoso desenvolvimento da civilização industrializada.
Os métodos de trabalho visam à eficiência e não à cooperação. A cooperação humana não é o resultado das determinações legais ou da lógica organizacional. Mayo defende os seguintes pontos de vista:
1) O trabalho é uma atividade tipicamente grupal – o nível de produção é influenciado mais elas normas do grupo do que elos incentivos salariais e materiais de produção.

2) O operário não reage como indivíduo isolado, mas como membro de um grupo – as mudanças tecnológicas tendem a romper os laços informais de camaradagem e amizade dentro do trabalho.
3) A tarefa básica da administração é formar uma elite capaz de compreender e de comunicar, com os chefes democráticos, persuasivos e simpáticos com todo o pessoal.
4) Passamos de uma sociedade estável para uma sociedade adaptável, mas negligenciamos a habilidade social.
5) O ser humano é motivado pela necessidade de “estar junto”, de “ser reconhecido”, de receber adequada comunicação.
6) A civilização industrializada traz como conseqüência a desintegração dos grupos primários da sociedade, como a família, os grupos informais e a religião, enquanto a fábrica surgirá como uma nova unidade social que proporcionará um novo lar.
7) O trabalho é uma atividade tipicamente grupal – o nível de produção é influenciado mais pelas normas do grupo do que pelos incentivos salariais e materiais de produção.

8. Apreciação crítica da Teoria das Relações Humanas

Com a publicação do livro de Roethlisberger e Dickson, relatando a Experiência de Hawthorn, a Teoria das Relações Humanas passou a dominar a teoria administrativa.
Ao final da década de 1950, a Teoria das Relações Humanas entrou em declínio, passando a ser intensamente criticada, a tal ponto que suas concepções passaram a ser revistas e alteradas.
Dentre as críticas à Teoria das Relações Humanas, Chiavenato (2003) alinha as seguintes:

1) Oposição cerrada à Teoria Clássica – Em muitos aspectos, a Teoria das Relações Humanas foi diametralmente oposta à Administração Científica: os fatores considerados decisivos e cruciais por uma escola, mal eram focalizados pela outra, e as variáveis que uma considerava centrais eram quase ignoradas pela outra.

2) Inadequada visualização dos problemas de relações industriais – seja da compreensão do problema do conflito e dos interesses conflitantes dos empregados e da organização, seja da própria localização das causas e das implicações desse conflito.

3) Concepção ingênua e romântica do operário – imagem do um trabalhador feliz, produtivo e integrado no ambiente de trabalho. Contudo essa imagem nem sempre foi confirmada por pesquisas posteriores, que descobriram trabalhadores felizes e improdutivos, descaracterizando a correlação entre satisfação e produtividade.

4) Limitação do campo experimental – restrito à fábrica, deixando de verificar outros tipos de organizações, como bancos, hospitais, universidades etc, o que reduz a aplicabilidade das suas teorias e conclusões.

5) Parcialidade das conclusões – restringindo-se à organização informal e sofrendo de uma escassez de variáveis, enfatizando os aspectos informais da organização e relegando os aspectos formais a um plano inferior.

6) Ênfase nos grupos informais – concentração no estudo dos grupos primários como seu principal campo de atuação. Supervaloriza a coesão grupal como condição de elevação da produtividade.

7) Enfoque manipulativo das relações humanas – os autores da Escola das Relações Humanas se preocuparam mais com o bem-estar e com a felicidade dos trabalhadores, esquecendo-se de que essa preocupação não é a função principal da empresa, que é a de produzir bens e gerar lucros. Essa teoria tem sido criticada pelo fato de desenvolver uma sutil estratégia manipulativa de enganar os operários e fazê-los trabalhar mais e exigir menos.
Conceito de manipulação: “[...] processo por meio do qual se condiciona o indivíduo a fazer qualquer coisa sem a sua participação realmente livre”.

8) Outras críticas – a Escola da Administração Científica e a de Relações Humanas possuem idéias úteis, mas que se aplicam a situações diferentes, embora sejam exceções os casos em que suas abordagens não podem ser aplicadas.

Referências: CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO – ORGANIZANDO A EMPRESA

1. A ÉPOCA
Fenômenos ocorridos na segunda década do século XX:
Primeira guerra mundial (1914-1917), envolvendo a Europa e os Estados Unidos em operações militares conjuntas;
Enorme expansão dos meios de transporte com a indústria automobilística, as ferrovias e o início da aviação militar, civil e comercial;
Grande expansão dos meios de comunicação como o jornalismo e o rádio em ondas médias e curtas;
Surgimento da Teoria Clássica da Administração.

2. A OBRA DE FAYOL
Henry Fayol (1841-1925), o fundador da Teoria Clássica, nasceu em Constantinopla e faleceu em Paris, formou-se engenheiro e trabalhou em uma empresa de metalurgia e carbonífera.
Expôs sua Teoria de Administração no livro Administration Industrielle et Générale, publicado em 1916.

2.1. Funções básicas da empresa
Fayol salienta que toda empresa apresenta seis funções, a saber:
Funções Técnicas (produção de bens ou serviços de empresa);
Funções comerciais (compra, venda e permutação);
Funções financeiras (procura e gerência de capitais);
Funções de segurança (proteção e preservação dos bens e das pessoas);
Funções contábeis (inventários, balanços, custos e estatísticas);
Funções Administrativas
Funções Técnicas
Funções Comerciais
Funções Financeiras
Funções de segurança
Funções ContábeisFunções administrativas (integração de cúpula das outras cinco funções).
2.2. Conceito de Administração
O ato de administrar, segundo Fayol, é prever, organizar, comandar, coordenar e controlar (POC3).
Prever – visualizar o futuro e traçar o programa de ação;
Organizar – construir o duplo organismo material e social da empresa;
Comandar – dirigir e orientar o pessoal;
Coordenar – ligar, unir, harmonizar todos os atos e esforços coletivos;
Controlar – verificar que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas.
2.3. Princípios Gerais da Administração
Divisão do trabalho – especialidade das tarefas e das pessoas para aumentar a eficiência;
Autoridade e responsabilidade - dar ordens e ser obedecido; prestar contas daquilo que faz;
Disciplina – cumprimento das normas, ordens e acordos estabelecidos;
Unidade de comando – cada empregado deve receber ordens de um só superior (autoridade única);
Unidade de direção – uma cabeça e um plano para cada conjunto de atividades que tenham o mesmo objetivo;
Subordinação dos interesses individuais aos gerais – os interesses gerais da empresa devem sobrepor-se aos interesses particulares das pessoas;
Remuneração do pessoal – deve haver justa e garantida satisfação para os empregados e para a organização em termos de retribuição;
Centralização – concentração da autoridade no topo da hierarquia da organização;
Cadeia escolar – linha de autoridade do escalão mais alto ao mais baixo em função do princípio do comando;
Ordem – um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar;
Eqüidade – amabilidade e justiça para alcançar a lealdade do pessoal;
Estabilidade do pessoal – a rotatividade do pessoal é prejudicial para a eficiência da organização;
Iniciativa – visualizar um plano e assegurar pessoalmente o seu sucesso;
Espírito de equipe – harmonia e união entre as pessoas são grandes forças para a organização.

3.1. Administração como Ciência
O ponto de partida dos autores da Teoria Clássica é o estudo científico da Administração, substituindo o empirismo e a improvisação por técnicas científicas – Ciência da Administração.
Fayol defendia a necessidade de um ensino organizado e metódico da Administração, de caráter geral para formar administradores, novidade para a época.

3.2. Teoria da Organização
A Teoria Clássica concebe a organização como se fosse uma estrutura (estrutura organizacional), com base na estrutura militar e na eclesiástica, tradicionais, rígidas e hierarquizadas.
3.2.1. Estrutura organizacional – constitui uma cadeia de comando, isto é, uma linha de autoridade que integra as posições da organização e define quem se subordina a quem.

3.3. Divisão do Trabalho e Especialização
A organização se caracteriza por uma divisão do trabalho claramente definida.
Enquanto a dm Científica se preocupava com a divisão do trabalho no nível do operário, fragmentando as tarefas deste, a Teoria Clássica se preocupava com a divisão no nível dos órgãos que compõem a organização (departamentos, divisões, seções, unidades etc).
Para a Teoria Clássica, a divisão do trabalho pode dar-se em duas direções, a saber:
Vertical – segundo os níveis da autoridade e responsabilidade (figura 2);
Horizontal – segundo os diferentes tipos de atividades da organização (departamentalização)

3.4. Conceito de Linha e Staff
A organização linear - preferência de Fayol – se baseia nos princípios de:
Unidade de comando ou supervisão única – cada pessoa tem apenas um único e exclusivo chefe;
Unidade de direção – todos os planos devem se integrar aos planos maiores que conduzem aos objetivos da organização;
Centralização da autoridade – toda autoridade máxima de uma organização deve estar concentrada em seu topo;
Cadeia escalar – a autoridade deve estar disposta em uma hierarquia, de maneira que todo nível hierárquico esteja subordinado ao nível imediatamente superior (autoridade de comando).
Para que os órgãos de linha possam se dedicar exclusivamente a suas atividades especializadas, tornam-se necessários outros órgãos prestadores de serviços especializados, denominados órgãos de staff ou de assessoria, que fornecem:
Serviços, conselhos, recomendações assessoria e consultoria – que esses órgãos não têm condições de prover por si próprios.

4. OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO SEGUNDO URWICK

Princípio da especialização – cada pessoa deve exercer uma só função, o que determina uma divisão especializada do trabalho;
Princípio de autoridade – deve haver uma linha de autoridade claramente definida, conhecida e reconhecida por todos;
Princípio da amplitude administrativa (span of control) – cada superior deve ter um certo número de subordinados, variando de acordo com o nível e a natureza do cargo, a complexidade do trabalho e o preparo dos subordinados;
Princípio da definição – os deveres, autoridade e responsabilidade de cada cargo e suas relações com os outros cargos devem ser definidos por escrito e comunicados a todos.

5. APRECIAÇÃO CRÍTICA DA TEORIA CLÁSSICA

As principais criticas à teoria clássica são:
Abordagem simplista da organização formal - a organização é considerada em termos lógicos, rígidos e abstratos, sem considerar seu conteúdo psicológico e social com a devida importância, estabelecendo esquemas lógicos e preestabelecido, segundo os quais as organizações devem ser construídas e governadas;
Ausência de trabalhos experimentais a Teoria Clássica pretendeu elaborar uma ciência de administração para estudar e tratar a Administração substituindo e empirismo e a improvisação por técnicas científicas. Porém os autores clássicos fundamentam seus conceitos na observação e no senso comum;
Extremo racionalismo na concepção da Administração – apresentação racional e lógica das suas proposições sacrificando a clareza das suas idéias;

Teoria da máquina - a Teoria Clássica recebe essa denominação por considerar a organização sob o prisma do comportamento mecânico de uma máquina: a determinadas ações ou causas decorrem determinados efeitos ou conseqüências dentro de uma correlação determinística;
Abordagem de sistema fechado - a Teoria Clássica trata a organização como se fosse um sistema fechado, constituído de algumas variáveis perfeitamente conhecidas e previsíveis, e de alguns aspectos que são manipulados por meio de princípios gerais e universais.

Referências:CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. pp. 79-95

ABORDAGEM CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO

1. DESDOBRAMENTO DA ABORDAGEM CLÁSSICA
Origens da abordagem Clássica: Conseqüências da Revolução Industrial e podem ser resumidas de dois fatos genéricos:
· O crescimento acelerado e desorganizado das empresas, resultando uma gradativa complexidade em sua administração e exigindo uma abordagem científica em substituição ao empirismo e a improvisação.
· A necessidade de aumentar a eficiência e a competência das organizações – maior rendimento possível dos recursos e fazer face à concorrência (competição).

2. ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA
A abordagem básica da Escola de administração Científica se baseia na ênfase colocada nas tarefas.
O nome Administração Científica é devido à tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos problemas da Administração a fim de aumentar a eficiência industrial.
Essa escola foi começada no início do século passado (1903) pelo engenheiro Frederick Winslow Taylor, considerado o fundador da Administração Científica.

2.1. A OBRA DE TAYLOR
Frederick Winslow Taylor (1856-1915) nasceu na Filadélfia, EUA e formou-se engenheiro.
Na época, vigorava o sistema de pagamento por peça ou por tarefa.
Os patrões procuravam ganhar o máximo na hora de fixar o preço da tarefa, enquanto os operários reduziam o ritmo de produção.
Isso levou Taylor a estudar o problema de produção para tentar uma solução para ambos (patrão x empregado).

2.1.1. Primeiro período de Taylor
Publicação do livro Shop Management (1903) sobre s técnicas de racionalização do trabalho dos operários – estudo de tempos e movimentos (Motion-time Study).
Taylor analisou as tarefas de cada operário e verificou que, em média, eles produziam menos do que eram capazes.
Conclusão: criar condições de pagar mais ao operário que produz mais.

2.1.1.1. Essência do livro de Taylor:
O objetivo da Administração é pagar salários melhores e reduzir custos unitários de produção;
Para isso, a Administração deve aplicar métodos científicos de pesquisa e experimentos para formular princípios e estabelecer processos padronizados que permitam o controle das operações fabris;
Os empregados devem ser cientificamente selecionados e colocados em seus postos com condições de trabalho adequadas para que as normas possam ser cumpridas;
Os empregados devem ser cientificamente treinados para aperfeiçoar suas aptidões e executar uma tarefa para que a produção normal seja cumprida;
A Administração precisa criar uma atmosfera de íntima e cordial cooperação com os trabalhadores para garantir a permanência desse ambiente psicológico.

2.1.2. Segundo período de Taylor
Corresponde à publicação do seu livro The Principles of Scientific Management (1911) – Administração Científica – 75% de análise e 25% de bom senso, concluindo que a racionalização do trabalho operário deveria ser acompanhada de uma estruturação geral para tornar coerente a aplicação dos seus princípios na empresa como um todo.

2.1.3. Os três males da indústria da época, segundo Taylor:
Vadiagem sistemática dos operários, para evitar a redução da tarifa dos salários pela gerência, devido:
O engano dos trabalhadores de que o maior rendimento do homem e da máquina provoca desemprego;
O sistema defeituoso de administração que força os operários à ociosidade no trabalho a fim de proteger seus interesses pessoais.
Os métodos empíricos deficientes utilizados nas empresas, com os quais o operário desperdiça grande parte de seu esforço e tempo.
Desconhecimento pela gerencia das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização.
Falta de uniformidade das técnicas e os métodos de trabalho.

1.2. A ADMINISTRAÇÃO COMO CIÊNCIA

Para Taylor, a organização e a administração devem ser tratadas cientificamente e não empiricamente. A improvisação deve ceder lugar ao planejamento e o empirismo, à ciência: Ciência da Administração.
Como pioneiro, o mérito de Taylor reside em sua contribuição para encarar sistematicamente o estudo da organização.
Taylor foi pioneiro em fazer uma análise completa do trabalho, incluindo:
· Tempos e movimentos;
· Padrões de execução;
· Treinamento de operários;
· Especialização do pessoal, inclusive o da direção.
· Os elementos da Administração Científica nos padrões de produção são:
· Padronização de máquinas e ferramentas;
· Métodos e rotinas para execução de tarefas e
· Prêmios de produção para incentivar a produtividade.

1.3. A ORGANIZAÇÃO RACIONAL DO TRABALHO
Taylor observou que os operários aprendiam a maneira de executar as tarefas do trabalho por meio de observação dos companheiros vizinhos.
Notou que isso levava diferentes métodos para fazer a mesma tarefa e uma grande variedade de instrumentos e ferramentas diferentes em cada operação.
Como há sempre um método mais rápido e um instrumento mais adequado que os demais, esses métodos e instrumentos melhores podem ser encontrados e aperfeiçoados por meio de uma análise científica e um acurado estudo de tempos e movimentos, em vez de ficar a critério pessoal de cada operário.
Essa tentativa de substituir métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos recebeu o nome de Organização Racional do Trabalho (ORT).

1.3.1. Fundamentos da ORT
Análise e do estudo dos tempos e movimentos (layout);
Estudo da fadiga humana (ergonomia);
Divisão do trabalho e especialização do operário (divisão técnica);
Desenho de cargos e de tarefas (descrição de cargos);
Incentivos salariais e prêmios de produção (desempenho);
Conceito de homo economicus (homem econômico);
Condições ambientais de trabalho, como iluminação, conforto etc (higiene no trabalho);
Padronização de métodos e de máquinas (linha de montagem);
Supervisão funcional (controle).
Conceito de homo economicus – homem econômico
“Toda pessoa é concebida como influenciada exclusivamente por recompensas salariais, econômicas e materiais.”
“[...] o homem procura o trabalho não porque gosta dele, mas como um meio de ganhar a vida por meio de salário que o trabalho proporciona.”

1.4. OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA
Princípios da administração científica de Taylor
Princípio do planejamento – substituir a improvisação pela ciência através do planejamento do método de trabalho;
Princípio de preparo – selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com as suas aptidões e prepará-los e treiná-los para produzirem mais e melhor;
Princípio do controle – controlar o trabalho para se certificar de que está sendo executado de acordo com os métodos estabelecidos e segundo o plano previsto;
Princípio da execução – distribuir atribuições e responsabilidades para que a execução do trabalho seja disciplinada.

1.4.1. Princípios de eficiência de Emerson
Traçar um plano bem definido, de acordo com os objetivos;
Estabelecer o predomínio do bom senso;
Oferecer orientação e supervisão competentes;
Manter disciplina;
Impor honestidade nos acordos, ou seja, justiça social no trabalho;
Manter registros precisos, imediatos e adequados;
Oferecer remuneração proporcional ao trabalho;
Fixar normas padronizadas para as condições de trabalho;
Fixar normas padronizadas para trabalho em si;
Fixar normas padronizadas para as operações;
Estabelecer instruções precisas;
Oferecer incentivos ao pessoal para aumentar o rendimento e a eficiência.

1.4.2. Princípios básicos de Ford
Henry Ford (1863-1947) – o mais conhecido dos precursores da Administração Científica - iniciou sua vida como mecânico. Projetou um modelo de carro e em 1899 fundou a Ford Motor Co. Sua idéia: popularizar um produto antes artesanal a destinados a milionários, ou seja, vender carros a preços populares, com assistência técnica garantida, revolucionando a estratégia comercial da época.
Entre 1905 e 1910, Ford promoveu a grande inovação do século XX: a produção em massa - emprego da linha de montagem.

1.4.3. Três aspetos da produção em massa
A progressão do produto através do processo produtivo é planejada, ordenada e contínua;
O trabalho é entregue ao trabalhador em vez de deixá-lo com a iniciativa de ir buscá-lo;
As operações são analisadas em seus elementos constituintes.
Os três princípios adotados por Ford
Princípio da intensificação – diminuição do tempo de duração com a utilização imediata dos equipamentos e matéria-prima e a rápida colocação do produto no mercado;
Princípio de economicidade – reduzir ao mínimo o volume de estoque da matéria-prima em transformação fazendo com que o automóvel fosse pago à empresa antes de vencido o prazo de pagamento dos salários e da matéria-prima adquirida;
Princípio de produtividade – aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período por meio da especialização e da linha de montagem.


1.5. A APRECIAÇAO CRÍTICA DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA

“A obra de Taylor e seus seguidores é susceptível de críticas, que não diminuem o mérito e o galardão de pioneiros e desbravadores da nascente Teoria da Administração.” (CHIAVENATO, 2003, p. 67)
Esse mérito se deu em face à falta de conhecimentos de assuntos administrativos, que foram, a partir de então, sendo sistematizados.

1.5.1. Principais críticas
Mecanicismo da administração Científica – restringindo-se às tarefas e os fatores diretamente relacionados com o cargo e a função do operário;
Superespecialização do operário – preconizada por meio de divisão e subdivisão de toda a operação em seus elementos constitutivos;
Visão microscópica do homem – visualizando cada empregado individualmente e ignorando que o trabalhador é ser humano e social.
Ausência de comprovação científica – criticada por pretender criar uma ciência sem o cuidado de apresentar comprovação científica das suas proposições (não utilização de pesquisas e experimentação científica para comprovar suas teses);
Abordagem incompleta da organização – por limitar-se apenas nos aspectos formais da organização, omitindo a organização informal e os aspectos humanos da organização;
Limitação do campo de aplicação – restrito aos problemas de fábrica, não considerando os demais aspetos da vida da organização;
Abordagem prescritiva e normativa – preocupação em prescrever princípios normativos que devem ser aplicados como receituário em todas as circunstâncias para que o administrador possa ser bem-sucedido;
Abordagem de sistema fechado – visualiza apenas o que acontece dentro da organização sob o ponto de vista de algumas variáveis mais importantes apenas, omitindo-se outras cuja influência não seja bem conhecida no conjunto.

Referência:
CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003, pp. 47-77.

MODELO DE GESTÃO

1. As dimensões da administração
• “Meditar demoradamente na finalidade e missão específicas da entidade (trata-se de empresa privada, de hospital ou de universidade) e especificá-las.”;
• “Fazer com que o trabalho seja produtivo e o trabalhador se realize.”;
• “Conduzir as repercussões sociais e as responsabilidades sociais da organização.”

2. As três habilidades do administrador
• Habilidades Técnicas (manuseio de coisas físicas) – operação;
• Habilidades humanas (relacionamento interpessoal) – interação;
• Habilidades Conceituais (idéias e conceitos abstratos) – tomada de decisão.

3. Conteúdo e objetivo de estudo da administração
• Administração do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência) significa “aquele que realiza uma função sob o comando de outrem”.
• Atualmente ela se refere à “tarefa de interpretar os objetivos propostos pela organização e transformá-los em ação organizacional”.
• Administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos organizacionais. Funções administrativas.
• O conteúdo e estudo da Administração varia de acordo com a teoria ou a escola considerada.
• O conteúdo a ser estudado fornece uma visão ampla, comparativa e, sobretudo, crítica de cada teoria da Administração.

4. O estudo atual da TGA• Efeito cumulativo e gradativamente abrangente das diversas teorias (escolas) com suas diferentes contribuições e diferentes enfoques.
• Cada teoria surgiu como uma resposta aos problemas empresariais mais relevantes de sua época (resolução de conflito entre capital X empregado).
• De certo modo todas as teorias administrativas são aplicáveis às situações atuais e o administrador precisa conhecê-las bem para ter à sua disposição alternativas adequadas para a tomada de decisão.
• A TGA estuda a administração do ponto de vista da interação e da interdependência entre as seis variáveis principais.

4.1. Seis variáveis principais• Tarefa (atividades, execução);
• Estrutura (meios de produção);
• Pessoas (equipe);
• Tecnologia (empregada no processo produtivo e na comunicação);
• Ambiente (onde a organização se situa) e
• Competitividade (mercado).

5. A administração na sociedade moderna• Fenômeno universal no mundo moderno;
• Numerosas atividades administrativas desempenhadas por vários administradores, orientadas para áreas e problemas específicos, precisam ser realizadas e coordenadas de maneira integrada e coesa em cada organização ou empresa (interdependência).

6. Perspectivas futuras da administração• Mudanças rápidas e inesperadas no mundo dos negócios, no campo do conhecimento e na explosão populacional, impondo novas e crescentes necessidades a que as atuais organizações não tem condições de atender;
• Crescimento e expansão das organizações, que se tornam complexas e globalizadas;
• Atividades que exigem pessoas de competências diversas e especializadas envolvendo problemas de coordenação e, principalmente, de atualização em função das rápidas mudanças (multidisciplinaridade).

Referências:
CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
DRUCKER, P. F. Introdução à Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.